Com o dom de transformar poesia em canção, a mineira vive o seu
auge. Dona de uma voz marcante, ela fará show na região, em Sorocaba, em
1º de junho
“Cresci às margens da Serra do Cipó (Minas Gerais) num sitiozinho e
sei bem o que é ‘não ter nada’. Enfrentei muitas dificuldades, todas
possíveis. Não acredito no acaso, nem em coincidências. A vida me
preparou para esse momento”
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Revista Regional – “As pessoas conhecem minha voz. Agora é
hora de conhecerem minha imagem”. Esta frase abre o texto de divulgação
do seu DVD, “Paula Fernandes ao Vivo”. A julgar pela imensa repercussão e
expressiva vendagem desse trabalho, não é difícil concluir que esse
objetivo foi alcançado. Qual a maior recompensa de ser reconhecida pelo
grande público? Por outro lado, houve algum momento em que você sentiu
saudade de ser um rosto anônimo na multidão?
Paula Fernandes – Ter o trabalho reconhecido em todo
o Brasil sempre foi meu maior sonho, estou muito feliz pelo carinho que
tenho recebido. Só tenho a agradecer a todos que sempre acreditaram em
meu trabalho. No entanto, temos que saber separar as coisas, a fama é
algo sempre muito almejado, só não podemos deixar que ela se misture com
nossa vida pessoal.
Como este trabalho ao vivo reflete a sua
maturidade profissional? Em que a Paula hoje é diferente daquela menina
que despontou no cenário musical há alguns anos?
A gente vive muita coisa, viaja bastante e acaba aprendendo cada dia
mais. Hoje tenho convicção de que tudo na vida tem a hora e o momento
certo para acontecer.
Depois de chegar ao auge, quais são seus próximos projetos?
Há muito que se fazer. Tenho sede de arte: pretendo continuar levando
a minha arte através de minhas canções. Em maio, será lançado meu novo
álbum, que foi feito com muito carinho para todos. A primeira música de
trabalho, “Eu Sem Você” – uma composição minha em parceria com o Zezé Di
Camargo – já foi lançada nas rádios. Agora e só esperar!
Voltando um pouco no tempo, conte-nos como descobriu sua vocação artística.
Aos oito anos, aprendi uma canção na rua e queria insistentemente
cantar para a minha mãe. Depois de três dias, ela me ouviu e se
emocionou muito. Agradeço a Deus pela sensibilidade dela em me perceber.
Desde então, nunca mais parei de cantar.
Há alguma desvantagem em se começar tão cedo?
Na verdade, começar cedo me deu uma maturidade precoce. Aos nove anos
já era bastante responsável e dedicada. Sabia da importância do que
estava fazendo e sentia que aquilo não era uma brincadeira. O que
aprendi nesses anos de carreira não tem preço. Diante de nossas
escolhas, perdemos e ganhamos. A minha me fez pular etapas – parte da
infância e toda a adolescência. Hoje sou uma adulta feliz por me
considerar vitoriosa. Praticamente, deixei as bonecas para tocar violão.
Não comecei a cantar para ser famosa ou celebridade. Eu era criança,
não tinha noção do valor do dinheiro e do que poderia ganhar cantando. E
é por essa essência e pelo gosto de cantar que continuo em busca do meu
sonho musical.
Enfrentou muitas dificuldades até se tornar conhecida do grande público? Que lições extraiu desse período?
Como disse anteriormente, considero-me uma pessoa vitoriosa. Sou de
família humilde, de poucos recursos. Cresci às margens da Serra do Cipó
(Minas Gerais) num sitiozinho e sei bem o que é “não ter nada”.
Enfrentei muitas dificuldades, todas possíveis. Não acredito no acaso,
nem em coincidências. A vida me preparou para esse momento.
Uma das características que mais se sobressai no seu trabalho
é o fato dele ser extremamente autoral. Quais as suas inspirações e
influências para compor?
Ouço de tudo. Não tenho preconceito musical, uma vez que inspiração
pode ter todas as cores e não escolhe hora para chegar: pode ser no
trânsito, no banho ou no meio da madrugada. Estou sempre atenta, com
papel, lápis e um gravador na bolsa. Quando ela vem e não é registrada,
se perde pra nunca mais voltar. Eu seria pretensiosa se dissesse que as
canções são minhas. Sinto-me um instrumento. Compor é um dom e, acima de
tudo, uma grande responsabilidade.
“Seguir
o caminho mais longo e da honestidade torna tudo mais bonito, dá
sentido às conquistas. Sou feliz. Agradeço a Deus pelas minhas
dificuldades e sofrimentos desde pequena. Tornaram-me a adulta que sou
hoje que sabe o que quer e vai à luta”
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A canção “Jeito de Mato” – que fez parte da trilha
de Paraíso (2009) – rendeu-lhe projeção significativa. Fale um pouco
sobre ela.
‘Jeito de Mato’ foi de grande importância pra minha carreira.
Gravá-la com meu ídolo Almir Sater foi muito emocionante. A novela levou
minha voz e poesia aos lares de gente como eu, batalhadora e cheia de
sonhos.
Além de Almir Sater, você já cantou, por exemplo, com
Leonardo, Victor & Léo, César Menotti e Fabiano, entre outros.
Existe algum critério para essas parcerias?
Meu critério é baseado em boa música, em essência. Todos esses
artistas têm alma, personalidade e principalmente amor pelo que fazem.
Acredito que esses encontros estavam escritos nas estrelas e agradeço
pela oportunidade de estar ao lado deles para então trazer um pouco mais
de paz, alegria e magia para tantos corações no mundo.
Falando em duetos, em 2010, a sua participação no especial de
Natal do Rei – transmitido ao vivo da praia de Copacabana – repercutiu
bastante na imprensa. Qual a sensação de cantar com Roberto Carlos?
Um momento mágico, surreal. Tivemos um encontro musical especial, muito bacana. É um homem extremamente inteligente.
Um pouco antes, porém, você foi uma das convidadas do
especial “Emoções Sertanejas”, em homenagem aos 50 anos de carreira de
Roberto, onde ao lado de Dominguinhos interpretou “Caminhoneiro”. Que
lembranças guarda daquele dia?
Foi uma grata surpresa. Quando o maestro Eduardo Lages me ligou pra
fazer o convite, me disse: “Como você tem fãs famosos, menina!”. Atendeu
ao pedido dos meus ídolos, hoje amigos e fãs. Isso tornou ainda mais
inesquecível aquele momento. Sobre Dominguinhos, fico sem palavras. Ele é
um ser de luz e hoje um grande parceiro.
Embora não goste de ter seu trabalho rotulado, musicalmente falando, há uma “marca registrada” que identifique Paula Fernandes?
Sou uma representante da música popular brasileira.
Recentemente, você foi eleita a melhor cantora de 2011 no
programa do Faustão, pelo voto popular. Que importância tem os seus fãs
em cada uma de suas conquistas? Acredita que a web mudou a maneira de
artista e público se relacionarem?
Esse prêmio é todo nosso, quero dividir com cada um este maravilhoso
presente, pois são eles os verdadeiros responsáveis por todo o meu
sucesso. Com a internet, sinto-me mais perto do público e há uma
interação maior. Tenho Twitter e Facebook: sempre que posso entro em
contato com meus seguidores.
No outro extremo, quem são seus ídolos?
Minha mãe… No mundo artístico tenho vários ídolos, Almir Sater, Zezé
di Camargo e Luciano, Leonardo, Chitãozinho e Xororó, Shania Twain,
Taylor Swift [com quem Paula fez um dueto recentemente] e outros. O
nosso país é cheio de grandes talentos que só vem enriquecer nossa
cultura e nossa vida.
Como resumiria sua trajetória em poucas linhas?
Sou exemplo de que tudo é possível. Minha origem é humilde, mas nunca
deixei de sonhar. Seguir o caminho mais longo e da honestidade torna
tudo mais bonito, dá sentido às conquistas. Sou feliz. Agradeço a Deus
pelas minhas dificuldades e sofrimentos desde pequena. Tornaram-me a
adulta que sou hoje que sabe o que quer e vai à luta.
Mais sobre Paula Fernandes:
- Começou a cantar ainda criança, aos oito anos e, aos dez, lançou o primeiro disco independente, que leva o seu nome.
- Ainda em Sete Lagoas, Paula apresentou o programa de rádio “Criança
Esperança”. A boa atuação a levou a participar de vários números
autorais no programa “Paradão Sertanejo”, da TV Band Minas.
- Em 1995, aos 12 anos, mudou-se com a família para São Paulo e foi
contratada por uma companhia de rodeios, com a qual trabalhou durante
cinco anos, viajando por todo o Brasil como cantora da trupe, o que lhe
rendeu bastante experiência de palco.
- Neste mesmo ano, inspirada no sucesso da novela “Ana Raio e Zé
Trovão”, Paula lança seu segundo CD, “Ana Rayo”, com repertório que
priorizava o cancioneiro popular de raiz.
- Dez anos mais tarde, Paula seria apresentada ao diretor Jayme
Monjardim pelo produtor musical Marcus Viana, conhecido pelas trilhas
sonoras de “Pantanal” e “O Clone”. O contato resultou na gravação da
música “Ave Maria Natureza”, uma versão da “Ave Maria” de Schubert, tema
da novela “América”.
- Aos 18 anos, no auge de sua depressão, ela se matriculou na
faculdade de Geografia e foi trabalhar como secretária. Mas a paixão
pelos palcos falou mais alto: não demorou para que a jovem voltasse a
se apresentar em bares e shoppings.
- O CD “Canções do Vento Sul”, que contou com a participação de Sérgio
Reis, rendeu à Paula uma indicação ao Prêmio TIM de Música Brasileira,
em 2006.
- Em dezembro do mesmo ano, Paula lança o álbum “Dust in the Wind”,
com músicas de seu repertório internacional, incluindo uma versão para a
música homônima. Segundo ela, esta foi uma experiência fantástica,
apesar do desafio de cantar em inglês.
- Paula foi a intérprete do tema de abertura de “Escrito nas Estrelas”
(2010), com uma regravação de “Quando a chuva passar”, que já havia
feito sucesso na voz de Ivete Sangalo.
- Dois CDs de Paula Fernandes estão entre os mais vendidos em 2011,
segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Disco (ABPD): “Paula
Fernandes ao Vivo” e “Pássaro de Fogo” ocupam, respectivamente, a
segunda e a terceira posição do ranking. Já o DVD ao Vivo foi o mais
vendido do ano passado.
- Apenas dois dias depois de ser disponibilizada para download na
iTunes Store brasileira, a música “Eu sem você”, do novo CD, já era a
segunda mais vendida do site, atrás apenas de “Eu Quero Tchu, Eu Quero
Tcha” da dupla João Lucas & Marcelo.
- A cantora é adepta dos minivestidos. Para ela, a vulgaridade não está no tamanho da saia, mas no comportamento da mulher.
- Na internet: